Entre os dias 12 e 22 de setembro a cidade de Campinas recebe a 11ª edição da Bienal Sesc de Dança, evento que apresenta um panorama de criações e debates que movimentam a dança contemporânea e reunindo cerca de 50 ações cênicas entre espetáculos, instalações e performances vindas de oito estados brasileiros e diversos países, reafirmando seu compromisso com a difusão da produção artística nacional e internacional.

O projeto acontece na unidade do Sesc e mais de dez outros endereços, entre instituições parceiras e espaços públicos da cidade, e é uma realização do Sesc São Paulo com apoio da Prefeitura Municipal de Campinas e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Muita legal esteve presente no evento de abertura e nós fomos conferir!

A maratona de dança tem início com o espetáculo Dancing Grandmothers (Avós Dançantes), da Coreia do Sul – dia 12 de setembro, às 20h, no Sesc Campinas. Com coreografia e direção de Eun-Me Ahn, conhecida como “a Pina Bausch de Seul”, a montagem traz os jovens bailarinos da companhia com 10 senhoras, a maioria estreante, que dançam juntos transformando o palco em uma enorme pista de dança numa mescla de folclore e contemporâneo, flores e bolas de espelhos.

Para Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, “na mesma semana em que a instituição completa 73 anos de atuação, a Bienal Sesc de Dança principia mais uma edição e convida seus públicos a fruir produções artísticas, nacionais e internacionais, bem como atividades formativas, voltadas a faixas etárias variadas”. Miranda complementa que “através de um panorama diversificado da cena atual da dança contemporânea, a Bienal oferece uma imersão na linguagem, instigando, desse modo, a reflexão acerca da presença da dança como expressão, movimento e também meio para composição de redes de sociabilidade para a vida em sociedade”.

Berço da mais tradicional graduação em Dança do Estado de São Paulo, na Unicamp, Campinas se estabeleceu como sede da Bienal em 2015, após oito edições na cidade de Santos (de 1998 a 2013), recebendo mais de 60 mil visitas de pessoas interessadas pela programação nas duas últimas edições (2015 e 2017). Nesse ano, a cidade receberá mais de 70 atrações, distribuídas entre espaços do Sesc Campinas e da Universidade, aparelhos culturais como Teatro Castro Mendes, Estação Cultura, Museu da Cidade, Armazém CIS Guanabara, além de áreas públicas como ruas, praças e até mesmo o terminal rodoviário municipal.

 

12 países e oito estados brasileiros

A curadoria do festival, formada por Cristian Duarte, Fabricio Floro, Silvana Santos, Rita Aquino e Luciane Ramos, selecionou os artistas/obras, em mais de mil inscritos, sempre com a proposta de apresentar a multiplicidade do universo da dança e seus hibridismos com outras expressões artísticas, fomentando a produção e ajudando no desenvolvimento de novas criações, enquanto estreita o relacionamento com o público e amplia seu acesso.

Com obras de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, a Bienal Sesc de Dança também apresenta espetáculos de países como Alemanha, Argentina, Áustria, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Portugal, Suíça e Uruguai.

A Bienal Sesc de Dança é um convite geral ao diálogo de corpos e de ideias, já que as manifestações artísticas, que têm o corpo como principal instrumento de trabalho, expõem e articulam de forma contundente questões contemporâneas políticas e sociais que ecoam no âmbito público e privado.

 

Instalação inédita de William Forsythe

Além do espetáculo de abertura da Coreia do Sul, estreiam também no Brasil obras como Happy Island, uma coprodução entre a companhia portuguesa Dançando com a Diferença e a coreógrafa espanhola La Ribot; Every Body Electric, da coreógrafa austríaca Doris Uhlich; Daimón, do artista colombiano Luis Garay e com performance da atleta argentina Maia Chigioni e Acto3 / Avasallar / Trilogía Antropofágica, da uruguaia Tamara Cubas.

Concebido e dirigido pela artista espanhola Paz Rojo, Eclipse: Mundo também integra a lista de estreias internacionais, ao lado de Normal, da companhia suíça Alias, dirigida pelo brasileiro Guilherme Botelho; e Monumentos em Ação, da argentina Lucía Nacht, que fará uma residência selecionando intérpretes locais para integrarem as apresentações.

Após a exposição William Forsythe: Objetos Coreográficos, realizada no Sesc Pompeia, em São Paulo, na qual onze obras ocuparam diferentes espaços da unidade, duas obras do artista desembarcam em Campinas. São elas Debut, São Paulo (2019), instalação recriada para a exposição na forma de um tapete de entrada com uma instrução, e Alignigung Nº 2 (2017), vídeo instalação inédito no Brasil que apresenta uma coreografia na qual os dançarinos Riley Watts e Rauf “RubberLegz” Yasit combinam seus corpos em uma constelação atada.

Entre os espetáculos nacionais, há a estreia de Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária, uma remontagem da obra Eu Sou uma Fruta Gogoia em Três Tendências, da artista Thelma Bonavita, que se divide entre São Paulo e Berlim. Pela primeira vez em solo paulistano estão trabalhos como A Invenção da Maldade, do coreógrafo piauiense Marcelo Evelin, e Strip Tempo, dirigido pelo artista baiano Jorge Alencar.

 

Memória e liberdade

Com temas como a invisibilização de corpos marginalizados, a violência urbana, o diálogo com outras linguagens artísticas, como as artes visuais, entre outros, a Bienal Sesc de Dança apresenta espetáculos com temas urgentes e atuais. As criações também se arriscam a propor novas possibilidades de ocupar os espaços públicos e de enxergar o mundo e o outro por meio de experiências que rompem com a lógica embrutecedora vigente em grandes centros urbanos e convidam para outras formas de sentir, pensar e agir. A passagem do tempo, a memória, o futuro e a liberdade também têm espaço nas obras.

Prova disso é o espetáculo Bando: Dança que Ninguém quer Ver, da Cia. Giradança, que expõe situações que o grupo vive ou vivenciou em seus mais de dez anos de existência. Entre elas está a invisibilidade dos corpos de seus bailarinos tidos como diferentes daqueles geralmente vistos em obras de arte. Outro exemplo é A Boba, de Wagner Schwartz, que parte do quadro A Boba, de Anita Malfatti (1889-1964), para criar sua performance homônima. Em cena, Schwartz retira o quadro da parede. O peso da tela passa a influenciar no peso do corpo do artista e vice-versa.

Já a performance Trabalho Normal, de Claudia Müller e a instalação O Banho, de Marta Soares, lidam com a memória. Marta traz à cena a obra premiada pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) em 2004 que ela revisita após 15 anos de criação e Claudia partiu de projetos de artistas (Francis Alÿs, Marta Soares, Los Torreznos, Brígida Baltar e Tehching Hsieh), que discutem em algumas obras o paradoxo da inutilidade da arte, para criar sua performance.

Nomes atuantes na dança também marcam presença na programação com solos. É o caso, de Alejandro Ahmed com Z; Thiago Granato, que apresenta Trrr (com três indicações ao Prêmio APCA 2019 na categoria dança – espetáculo, coreografia e intérprete) e Vera Sala com Procedimento 2 para Lugar Nenhum.

Além dos espetáculos, há atividades reflexivas como ações formativas e pontos de encontros. A ideia é que público e artistas de diversas nacionalidades compartilhem experiências, pensamentos e vivências que possibilitem a expansão de questões estéticas e políticas pertinentes ao atual cenário da dança contemporânea. A programação contempla atrações para todas as idades, incluindo o público infantil.

 

Serviço:

BIENAL SESC DE DANÇA

De 12 a 22 de setembro – Campinas (SP).

Sesc Campinas (Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim, Campinas. Telefone (19) 3737-1500) e outros espaços da cidade.

Ingressos a venda a partir de 23 de agosto, sexta-feira, às 12h no portal Sesc e às 17h30 nas bilheterias das unidades do Sesc São Paulo. Para as atividades nos espaços externos ao Sesc, os ingressos também podem ser adquiridos nos próprios locais, a partir das duas horas que antecedem a atividade, mediante disponibilidade. Venda limitada a quatro ingressos por pessoa.

Programação completa no site sescsp.org.br/bienaldedanca.

 

 

Locais das apresentações

Sesc Campinas – Rua Dom José I, 270/333 – Bonfim. Telefone (19) 3737-1500.

Teatro Municipal José de Castro Mendes – Rua Conselheiro Gomide, 62 – Vila Industrial. Telefone (19) 3272-9359.

Estação Cultura – Praça Marechal Floriano Peixoto, s/n° – Centro (entrada de público). Rua Francisco Teodoro, 1.050 Vila Industrial (estacionamento). Telefone (19) 3705-8000.

Unicamp – Casa do Lago – Cidade Universitária Zeferino Vaz, s/n° – Barão Geraldo. Telefone (19) 3521-7000.

Terminal Rodoviário de Campinas Ramos de Azevedo – Rua Dr. Pereira Lima, 60-140 – Vila Industrial. Telefone (19) 3731-2930.

CIS Guanabara – Armazém/ Gare – Rua Mário Siqueira, 829 – Botafogo. Telefone (19) 3233-7801.

Centro de Convivência – Praça Imprensa Fluminense, s/n° – Cambuí.

Praça Rui Barbosa – Rua 13 de maio, s/nº – Centro. Atrás da Catedral Metropolitana de Campinas.

Largo do Rosário – Largo do Rosário, s/n° – Centro.

Praça Carlos Gomes – Avenida Irmã Serafina, s/n° – Centro.

Museu da Cidade – Avenida Andrade Neves, 33 – Centro. Telefone (19) 3231-3387.

Casa de Vidro – Avenida Dr. Heitor Penteado, 2.145 – Lago do Café. Telefone (19) 3231-3387.

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

DANCING GRANDMOTHERS | Eun-Me Ahn (Coreia do Sul)

“Vocês são lindas, façam o que quiserem”. Essa é a única indicação que a coreógrafa coreana Eun-Me Ahn, conhecida como “Pina Bausch de Seul”, dá para as senhoras, a maioria estreante no palco, que dançam junto com os jovens bailarinos de sua companhia em Dancing Grandmothers. A ideia para o espetáculo, que propõe uma viagem através do tempo e de movimentos que se transformam em uma espécie transe coletivo, começou quando Eun-Me Ahn viu a própria mãe dançando na cozinha e percebeu que sua dança e seu corpo refletiam a sua história pessoal e uma página da história de seu país. “A sociedade coreana é um pouco conservadora e o papel das mulheres dessa geração era principalmente cuidar da casa, fazer alguns bebês e criá-los. E essa geração é bastante excepcional quando você pensa em todas as mudanças que as pessoas viveram, como sobreviver à guerra da Coreia, experienciar a ditadura e ver a chegada da democracia”, diz a coreógrafa

Coreografia e direção artística: Eun-Me Ahn | Música: Young-Gyu Jang | Dançarinas: Chang Nang Ahn, Chunhee Kim, Donghun Go, Eun-Me Ahn, Jaeyun Lee, Jeeyeun Kim, Jihye Ha, Jum Re Jun, Junhwan Her, Hyekyoung Kim, Hyunwoo Nam, Kisook Ahn, Kyungja Kang, Mija Yoon, Nam Sook Kim, Seunghae Kim, Siko Setyanto, Suja Gong, Yeen Nim Kim e Yoo-Ok Jung | Produção/parceria: Doosan Art Center (DAC) e Eun-Me Ahn Company | Coprodução: Festival Paris Quartier d’Eté.

Dia 12, quinta-feira, às 20h | Dia 13, sexta-feira, às 21h30 | Galpão do Sesc Campinas | Duração: 90 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

CANTO DOS MALDITOS | Marcos Abranches (São Paulo)

A solidão, o fracasso e a tristeza são pontos de partida em Canto dos Malditos, solo de dança contemporânea concebido e performado por Marcos Abranches. Como um desabafo, Abranches traz para a cena conflitos e questões do homem na contemporaneidade, a inconsistência e a precariedade das suas próprias relações. O espetáculo tem como inspiração o livro homônimo escrito por Austregésilo Carrano Bueno (1957-2008). A narrativa autobiográfica do autor deu origem ao filme Bicho de Sete Cabeças (2000), dirigido por Laís Bodanzky. Nela, Carrano relata as atrocidades que viveu durante os três anos que passou em um manicômio e denuncia o triste quadro dos hospitais e pacientes psiquiátricos no Brasil.

Direção geral, concepção e coreografia: Marcos Abranches | Orientação dramatúrgica: Sandro Borelli | Trilha sonora: Marcos Abranches | Direção de produção: Solange Borelli/Radar Cultural Gestão e Projetos.

Dia 13, sexta-feira, às 20h | Dia 14, sábado, às 20h | Teatro do Sesc Campinas | Duração: 45 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

FIM | Grupo Vão (São Paulo)

Estar junto e estar só, a solidão e a coletividade. É sobre a coexistência desses aspectos que o Grupo VÃO se debruça em Fim, oitavo e mais recente trabalho do coletivo paulistano. Esta coreografia propõe uma experiência imersiva em que o público habita um longo período de escuridão junto das artistas que dançam de olhos fechados. O escuro, enquanto condição e interesse, promove novas possibilidades de conexão, percepção de si, do outro e do espaço. A experiência sensorial e imagética do trabalho se dá com a trilha sonora, a iluminação, os elementos em cena e o movimento corporal que surgem como camadas não hierarquizadas entre si. O corpo não é necessariamente o protagonista, mas um componente desta paisagem que vai se construindo ao longo da peça.

Direção: *Grupo VÃO | Criação e dança: Carolina Minozzi, Isis Andreatta, Juliana Melhado, Julia Viana e Patrícia Árabe | Colaboração dramatúrgica: Ana Maria Krein | Composição sonora: Gustavo Lemos | Operação de som: Tom Monteiro | Iluminação: Laura Salerno | Assistência de iluminação e operação de luz: Fernando Melo | Espaço e figurino: Renan Marcondes | Cenotecnia: Cauê Gouveia e Marcus Melo.

*Carolina Minozzi participou da codireção deste espetáculo

Dia 13, sexta-feira, às 20h30 | Dia 14, sábado, às 20h30 | Ginásio do Sesc Campinas | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

HAPPY ISLAND | La Ribot e Dançando com a Diferença (Suíça e Portugal)

Kitch, mitológico, sexual, cabarético e geométrico. Assim é Happy Island, espetáculo que nasce de um convite do diretor Henrique Amoedo e seu grupo, o Dançando com a Diferença, companhia de dança inclusiva profissional sediada na Ilha da Madeira, em Portugal, à coreógrafa espanhola La Ribot, que reside em Genebra. O encontro entre esses artistas originou uma montagem de dança contemporânea que fala dos desejos mais íntimos, dos sonhos e da beleza dos intérpretes. Além das singularidades dos bailarinos, a coreografia também tem como elemento fundamental a própria Ilha da Madeira, presente em cena por meio do filme da cineasta Raquel Freire. É nela que as figuras de Happy Island estão numa grande catarse orgíaca de libertação individual.

Direção e coreografia: La Ribot | Bailarinos: Bárbara Matos, Joana Caetano, Maria João Pereira, Sofia Marote e Pedro Alexandre Silva | Assistente de coreografia: Telmo Ferreira | Realização do filme: Raquel Freire | Colaboração artística: Josep-María Martín | Músicas: Francesco Tristano, Jeff Mills, Archie Shepp, Oliver Mental Grouve, Atom™ e Raw C + Pharmakustik.

Dia 14, sábado, às 20h30 | Dia 15, domingo, às 18h | Teatro Castro Mendes | Duração: 70 minutos | Classificação etária: 12 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

STRIP TEMPO – STRIPTEASES CONTEMPORÂNEOS – VOLUMES 1 E 2 | Jorge Alencar (Bahia)

Misto de composição e curadoria, Strip Tempo acessa zonas nem sempre visíveis dos trabalhos e corpos de cada um dos dez artistas participantes do espetáculo dirigido pelo coreógrafo e encenador baiano Jorge Alencar. Tomando como principal matéria de criação obras produzidas pelos bailarinos ao longo dos últimos anos, a peça revela um resumo estético e erótico do trajeto desses performers da Bahia. Cenas, figurinos, trilhas sonoras, pesquisas de movimento e outros componentes foram revisitados para a elaboração de dez solos apresentados em dois volumes. Alencar associa dança e memória de universos singulares em uma montagem que trabalha com linguagens do cabaré, do burlesco e da arte drag.

Direção: Jorge Alencar | Diretor assistente: Neto Machado | Identidade visual e direção de arte: TANTO – criações compartilhadas (Daniel Sabóia, Fábio Steque e Patricia Almeida) | Criação e performance: Douglas Gibran, Fábio Osório Monteiro, Isaura Tupiniquim, Jaqueline Elesbão, João Rafael Neto, Jorge Oliveira, Leonardo França, Lia Lordelo, Neto Machado e Rainha Loulou | Produção: Dimenti Produções Culturais.

Dia 14, sábado, às 21h30 (Volume 1) | Dia 15, domingo, às 20h30 (Volume 2) | Galpão do Sesc Campinas | Duração: 75 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

TRRR | Thiago Granato (Alemanha e Brasil)

Uma espécie de futuro arcaico está presente no solo concebido e performado por Thiago Granato. Com o espetáculo, o artista encerra o projeto Coreoversações, trilogia produzida a partir de uma pesquisa desenvolvida com diferentes colaborações imaginárias entre coreógrafos que “conversam entre eles” usando o corpo do performer como meio de comunicação. Em Treasured in the Dark, o primeiro solo, Granato trabalhou com coreógrafos mortos. Depois, em Trança, com vivos e, agora, em Trrr, com coreógrafas que ainda não nasceram. Uma pedra e uma onça (um mineral e um animal) foram as entidades escolhidas pelo artista para representarem os coreógrafos de um futuro idealizado, influenciado por certas culturas indígenas da Amazônia e Austrália. A metamorfose do corpo, assunto comum aos três solos, é entendida como a capacidade do corpo relacionar forças internas e abstratas com signos que possam ser reconhecidos e vice-versa. Na coreografia, essa relação é articulada de forma ritualística. A transformação é abordada como uma tecnologia do corpo capaz de reinventar as suas próprias conexões com outras formas de vida, reais e imaginárias, através da performance.

Concepção, direção, coreografia e performance: Thiago Granato | Coreógrafos “convidados” (presenças ficcionais): Pedra e Onça | Assistência de direção: Sandro Amaral | Conselho artístico: Jefta van Dinther | Treinamento físico: Daniela Visco | Conselho de dramaturgia: Laura Samy | Voz em off: Chrysa Parkinson.

Dia 17, terça-feira, às 18h e 21h30 | Ginásio do Sesc Campinas | Duração: 55 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

SÓ | Denise Stutz (Rio de Janeiro)

Uma mulher se prepara para sua última apresentação no teatro. A partir dessa ficção, Denise Stutz une palavra e movimento para dar ritmo ao corpo. Utilizando aspectos da dança e do teatro, a artista tem como interesse as maneiras de construir narrativas. Há três anos, tomando como referência autores como o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e o irlandês Samuel Beckett (1906-1989), a artista mineira que vive no Rio de Janeiro começou a escrever o texto do solo. A ideia era convidar o público a refletir sobre a passagem do tempo e a velhice, entre outros assuntos. A partir da questão do desaparecimento surge uma brecha entre o espectador e a intérprete. Na narrativa, as fronteiras do teatro precisam ser borradas para que essa história se transforme em outra. Ao espectador fica o encargo de dar continuidade à existência da artista ou de decidir pelo seu desaparecimento.

Texto, interpretação e direção: Denise Stutz | Colaboração: Inez Viana | Iluminação e direção técnica: Daniel Uryon | Idealização: Denise Stutz.

Dia 17, terça-feira, às 20h | Dia 18, quarta-feira, às 20h | Teatro do Sesc Campinas | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

DAIMÓN | Luís Garay (Colômbia e Argentina)

Concebido pelo artista colombiano Luis Garay e performada e cocriada pela atleta argentina Maia Chigioni, a montagem investiga, por meio da experiência física, territórios de transição entre natural e cultural, humano e não humano, orgânico e inorgânico. Eles se perguntam o que significa o movimento para os corpos inscritos em um contexto em que a lógica do trabalho traz condicionamentos dados pelo treinamento e a disciplina. O solo, porém, não é um posicionamento moral ou ideológico. Ataques e defesas, ações presentes nas práticas esportivas, também podem criar, paradoxalmente, uma dança de resistência. Garay partiu de referências como a peça televisiva Quad, criada em 1981 pelo dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), para abordar temas como o delírio, a mania, a alienação, a liberdade e a ruptura do corpo como unidade completa e terminada.

Concepção: Luis Garay | Performance e cocriação: Maia Chigioni | Desenho de luz: Sylvie Melis | Desenho de som: Guillermina Etkin | Desenho de espaço: Vanina Scolavino e Luis Garay.

Dia 17, terça-feira, às 20h | Dia 18, quarta-feira, às 20h | CIS Guanabara – Armazém Sala Preta | Duração: 65 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

DE CARNE E CONCRETO – UMA INSTALAÇÃO COREOGRÁFICA | Anti Status Quo Companhia de Dança (Distrito Federal)

O espetáculo é um convite para participar de uma experiência que reflete sobre a condição urbana humana da perspectiva do corpo. Dirigido pela coreógrafa Luciana Lara, a montagem, que trabalha na fronteira entre performance art, intervenção urbana, artes visuais, dança contemporânea e experimentos sociais, tem como ponto de partida uma pesquisa que a diretora realiza com seu grupo desde 2003 sobre a relação entre corpo e cidade, investigando suas naturezas e materialidades. Apresentada como uma instalação, a obra propõe a imersão do público, que divide o espaço com os bailarinos e é impelido a sair do estado de passividade. Ele entra no espaço performático usando uma sacola de compras de papel confeccionada como uma máscara e se torna peça integrante de uma espécie de jogo.

Direção artística, dramaturgia e conceito: Luciana Lara | Pesquisa e concepção: Luciana Lara em colaboração com bailarinos e artistas convidados | Elenco: Camilla Nyarady, Déborah Alessandra, João Lima, Luciana Matias, Marcia Regina, Maria Ramalho, Raoni Carricondo e Robson Castro | Artistas convidados colaboradores: Marcelo Evelin, Gustavo Ciríaco e Denise Stutz | Produção: Marconi Valadares e Luciana Lara.

Dia 18, quarta-feira, às 17h | Dia 19, quinta-feira, às 17h | Casa do Lago (Unicamp) | Duração: 140 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: Grátis – Retirada de ingressos limitados no local em cada dia a partir das 15h.

 

 

Z | Alejandro Ahmed (Santa Catarina)

A obra músico-coreográfica é desenvolvida na imbricação entre corpo, coreografia e composição generativa, que é um modo de criar estruturado, entre outros aspectos, na causalidade e na coautoria entre ambiente e corpo. No solo, o performer utiliza uma guitarra para guiar um labirinto melódico, cinético e ritual. Neste percurso, o instrumento opera como objeto, corpo estendido e signo que evoca voz, respiração, forma e palavra sem memória, como uma incorporação de alteridade. A desfuncionalização da guitarra é acionada pela inabilidade do performer de manipulá-la na sua condição tradicional de existência. Assim, o instrumento é a unidade que desvia e reorganiza o corpo para encontrar caminhos que tornem viva a ação do som como criação de espaço. O processo de criação, iniciado no fim de 2014, partiu do mover como ferramenta cognitiva de transdução, na qual uma energia de determinada natureza – o som, por exemplo – é transformada em outra de diferente natureza, caso de luz, vibração mecânica e palavra.

Criação, direção e performance: Alejandro Ahmed | Direção compartilhada e ensaios: Mariana Romagnani | Iluminação, direção de montagem e interlocução para som: Hedra Rockenbach | Produção e interlocução para figurino: Karin Serafin.

Dia 18, quarta-feira, às 18h30 | Dia 19, quinta-feira, às 18h30 | CIS Guanabara – Armazém Sala Branca | Duração: 60 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

ACTO3 / AVASALLAR / TRILOGÍA ANTROPOFÁGICA | Tamara Cubas (Uruguai)

O processo de ser afetado pelo outro é o principal ponto de indagação da Trilogia Antropofágica idealizada pela coreógrafa uruguaia Tamara Cubas. O projeto, do qual o espetáculo Acto 3 – Avasallar faz parte, transforma o ritual antropofágico dos índios Tupi, que comiam seus inimigos capturados, em metodologia de trabalho. Para criar cada uma das peças, a artista se alimentou de três obras coreográficas brasileiras. Cubas “come” esses materiais não por se tratarem de antagonistas, mas sim pelo desejo de se deixar atravessar e modificar por eles. Assim, Vestígios, de Marta Soares, foi digerido em Acto 1 – Permanecer; Matadouro, de Marcelo Evelin, em Acto 2 – Resistir; e Pororoca, de Lia Rodrigues, em Acto 3 – Avasallar. Rodrigues trabalha com o conceito de pororoca, encontro violento provocado pelo confronto das águas dos rios com as águas do mar: é arrastão, mistura, choque e invasão. Na coreografia de Cubas, os estados de emergência e de resistência persistem na ontologia do ser coletivo. Após essas ingestões já não há mais as obras devoradas, nem propriamente os artistas que as comeram, mas há um novo corpo resultante desse processo: um corpo atravessado, complexo, potente e urgente como a realidade contemporânea.

Direção: Tamara Cubas | Elenco: Santiago Turenne, Alina Folini, Rodolfo Opazo, Vera Garat, Tamara Gomez, Joaquin Cruz, Javier Olivera, Bruno Brandolino e Ihasa Tinoco | Desenho de espaço, figurino e iluminação: Leticia Skricky | Produção: Perro Rabioso | Coprodução: Teatro Municipal São Luis (Lisboa), Julidans Festival (Amsterdam) e Campo Abierto | Obra Digerida: “Pororoca”, de Lia Rodrigues | Distribuição: Key Performance.

Dia 18, quarta-feira, às 20h30 | Dia 19, quinta-feira, às 20h30 | Teatro Castro Mendes | Duração: 90 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

EVERY BODY ELETRIC | Doris Uhlich (Áustria)

Pessoas com deficiências físicas exploram as possibilidades de suas disformidades na coreografia da austríaca Doris Uhlich, que se interessa pelas relações entre energia e forma e entre seres humanos e máquina. Os bailarinos pesquisam seus próprios fluxos, batidas e dinâmicas, transformando seus corpos numa espécie de combustível endógeno. Uhlich trabalha com o conceito de ícones energéticos, no qual movimentos individuais são guiados pelo prazer e pela busca de recursos de energia. A coreografia é criada por movimentos repetitivos que carregam energeticamente o corpo durante cada sequência. A performance também investiga as possibilidades que se abrem quando máquinas, como cadeiras de rodas e muletas, são consideradas extensões do corpo. Cada “corpo elétrico” é um convite simples, mas radical, para explorar os potenciais através da dança e mergulhar numa arqueologia de energia. O poder explosivo e a poesia do espetáculo repousam em como os performers percebem seus corpos e como eles são percebidos.

Coreografia: Doris Uhlich | Dramaturgia: Elisabeth Schack | Criação e performance: Erwin Aljukic, Yanel Barbeito, Adil Embaby, Sandra Mader, Karin Ofenbeck, Thomas Richter, Vera Rosner, Danijel Sesar e Katharina Zabransky | Iluminação: Gerald Pappenberger | Som: Boris Kopeinig | Figurinos e produção: Christine Sbaschnigg | Distribuição: Something Great.

Dia 18, quarta-feira, às 21h30 | Dia 19, quinta-feira, às 21h30 | Galpão do Sesc Campinas | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

SISMOS E VOLTS | Leandro de Souza (São Paulo)

Observando sua trajetória na dança, o bailarino Leandro Souza encontrou três movimentos recorrentes, mas que não haviam recebido uma atenção apropriada: tremores, desequilíbrios e giros. Pensando em aprofundar a investigação sobre eles, o artista criou o solo Sismos e Volts. O artista paulistano que encontrou na ideia de trânsito um modo pulsante e desafiador de realizar a verticalização de seu trabalho corporal examina as condições pelas quais movimentos, corporalidades e gestos são construídos. Entendendo que tremer, desequilibrar e girar não são habilidades exclusivas, já que todos os corpos são capazes de realizá-las, o bailarino quer saber se os movimentos têm inteligências e desejos próprios, se eles podem dançar ao invés de alimentar a ideia de que ele os dança. Assim, os movimentos transitam por ele e ele transita pelos movimentos.

Dança: Leandro Souza | Som: Thiago Salas | Luz: Eduardo Albergaria | Produção: Leandro Souza | Coprodução: Plataforma Exercícios Compartilhados (4ª e 6ª edições) | Apoio: Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo (CRDSP) e Instituto de Artes da Unicamp.

Dia 19, quinta-feira, às 19h | Dia 20, sexta-feira, às 19h | Sala de Múltiplo Uso 2 do Sesc Campinas | Duração: 30 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

A INVENÇÃO DA MALDADE | Marcelo Evelin / Demolition Incorporada (Piauí)

As fogueiras existem há 400 mil anos. Essa informação marcou a criação de A Invenção da Maldade, peça do bailarino e coreógrafo Marcelo Evelin. Nela, sete performers vindos de diferentes formações artísticas e de partes do mundo convidam o público para voltar no tempo e se reunir ao redor de fogueiras. Com galhos e troncos de madeira e uma instalação sonora de sinos, os performers dançam nus em uma espécie de ritual contemporâneo. Despidos de qualquer erotização, teatralização e disfarce, eles abordam um processo de desumanização. É como se ainda não houvesse uma domesticação dos corpos, embora eles estejam sujeitos a ela. Os corpos se deixam afetar, de forma performativa e não mítica, por forças e estados ligados, por exemplo, ao movimento, à imaginação e à memória. A dança acontece como um feitiço. Ele conta que a expressão do título da obra vem de uma memória de infância. “Vai começar a invenção da maldade”, dizia sua avó quando ele fazia performances numa brincadeira de menino.

Conceito e coreografia: Marcelo Evelin | Criação e performance: Bruno Moreno, Elliot Dehaspe, Maja Grzeczka, Márcio Nonato, Matteo Bifulco e Sho Takiguchi | Design de som e direção técnica: Sho Takiguchi | Dramaturgia: Carolina Mendonça | Direção de produção: Regina Veloso/Demolition Incorporada (BR) | Difusão: CAMPO Arte Contemporânea (BR) + Materiais Diversos (PT).

Dia 19, quinta-feira, às 20h30 | Dia 20, sexta-feira, às 20h30 | Ginásio do Sesc Campinas | Duração: 70 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

DEIXA ARDER | Marcela Levi e Lucía Russo (Argentina e Brasil)

Criado pelas coreógrafas e diretoras Marcela Levi e Lucía Russo, o solo Deixa Arder é uma dança de invasão performada por Tamires Costa. Cruzando manifestações como o passinho, o pop, o burlesco e o grotesco, as artistas pensam e praticam o corpo como algo vivo e indefinido que, por estar exposto ao mundo, é invadido e contaminado. Numa relação de proximidade com os espectadores, a bailarina Tamires Costa faz uma dança furiosamente bem-humorada que dialoga com a linguagem do stand-up, do show off e do music hall. Invadir, pilhar, empilhar e transtornar são os verbos que movem essa dança. O trabalho, que estreou em 2017 no Rio de Janeiro, foi considerado pelo jornal O Globo como um dos espetáculos de destaque daquele ano. Desde então, ele foi apresentado em países como Portugal, França, Peru e Chile.

Direção artística: Marcela Levi e Lucía Russo | Performance: Tamires Costa | Cocriação: Tamires Costa e Ícaro dos Passos Gaya | Desenho de Luz: Catalina Fernández e Tábatta Martins | Desenho de som: toda a equipe | Figurino: Levi e Russo | Realização artística e produção: Improvável Produções

Dia 20, sexta-feira, às 20h | Dia 21, sábado, às 20h | CIS Guanabara – Armazém Sala Preta | Duração: 40 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

BANDO: DANÇA QUE NINGUÉM QUER VER | Giradança (Rio Grande do Norte)

No espetáculo, a companhia Giradança expõe situações que o grupo vive ou vivenciou em seus mais de dez anos de existência. Entre elas está a invisibilidade dos corpos de seus bailarinos tidos como diferentes daqueles geralmente vistos em obras de arte. A coreografia foi criada a partir de elementos trazidos pelos performers. Por meio de improvisos, eixo de linguagem da peça, cada um deles assina sua própria existência em relação ao bando que habita. A ideia de bando, algo central no trabalho, reflete a persistência do Giradança, que encontrou no formato coletivo a possibilidade de carnificar questões que assolam a companhia.

Concepção e direção coreográfica: Alexandre Américo | Bailarinos criadores: Alexandre Américo, Álvaro Dantas, Jânia Santos, Joselma Soares, Thaise Galvão, Marconi Araújo, Ana Carolina Vieira, Iego José e Wilson Macário | Residentes: Leandro Berton (SP), Edu O. (BA), Mathieu Duvignaud (FR) e Marcos Bragato (SP) | Trilha sonora: Toni Gregório | Criação cenográfica: Mathieu Duvignaud.

Dia 20, sexta-feira, às 21h30 | Dia 21, sábado, às 21h30 | Espaço Arena do Sesc Campinas | Duração: 60 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

EU SOU UMA FRUTA GOGOIA, EM TENDÊNCIA NÃO BINÁRIA | Thelma Bonavita (Brasil e Alemanha)

A artista Thelma Bonavita remonta o espetáculo Eu sou uma fruta gogoia em três tendências após dez anos de sua criação. O processo de remontagem propõe pensar o que considera os três eixos principais do fazer artístico da dança contemporânea: transmissão, memória e modos de criação. A peça, contemplada pelo programa Rumos Itaú Cultural em 2009, trata dos efeitos e ecos do tropicalismo e do uso de linguagem cifrada como estratégia de burlar a censura durante os anos 1970 no Brasil, o qual passava pelo chamado “anos de chumbo”. Além de evidenciar a presença do legado da antropofagia de Mário de Andrade (1893-1945), canibalizando tanto a música Fruta Gogoia como Gal Costa, que foi um sex symbol no mesmo período. Nesta nova versão, o espetáculo tem o jovem artista Pedro Galiza como convidado. “A escolha de um performer não binário aprofunda a discussão do aspecto queer e feminista da primeira versão da peça. Decorrente tanto do novo contexto quanto do novo performer, existem alterações em sua fiscalidade e visualidade: essa ‘gogoia’ é gótica e não binária, diz Bonavita. A maior parte processo de remontagem se deu pela internet, por meio de trocas via Google Docs e mensagens de áudio e vídeo no WhatsApp. A obra se estruturou através de análises do cenário atual brasileiro, da biografia do artista convidado e se baseia em uma partitura triádica: tendência a flutuar, tendência transitiva e tendência mutante.

Partitura coreográfica, visualidade e orientação do processo: Thelma Bonavita | Material coreográfico e autobiográfico e performance: Pedro Galiza | Iluminação: Mirella Brandi | Produção: Dora Leão/PLATÔproduções.

Dia 21, sábado, às 18h30 | Dia 22, domingo, às 18h30 | CIS Guanabara – Armazém Sala Branca | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 12 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

PESO BRUTO | Jussara Belchior (Santa Catarina)

“Sou e sempre fui uma bailarina gorda, mas isso sempre foi um pouco incomum. O corpo gordo na dança é um corpo, geralmente, desautorizado a dançar, como se ele fosse incapaz de se mover”, expõe a bailarina Jussara Belchior. Foi a partir da urgência de falar sobre esse assunto que a paulistana radicada em Florianópolis criou o solo Peso Bruto, com o qual circula desde 2017. Provocando noções preconceituosas de que o corpo gordo é feio, indesejável, doente e preguiçoso, Belchior coloca em choque esses estigmas e propõe uma reflexão sobre as concepções que excluem os corpos gordos do convívio em sociedade. O espetáculo é um trabalho de pesquisa em dança contemporânea que se dá entre imagem e movimento. A artista expõe seu corpo, com suas dobras e banhas, e se movimenta de modo a ocupar o espaço e se relacionar com os objetos de cena e com a sua própria carne que balança. Ela articula diálogos entre o peso, o desejo, o apetite e a beleza, colocando em contraposição o controle e a brutalidade.

Criação, produção e dança: Jussara Belchior | Interlocução: Soraya Portela | Dramaturgia: Anderson do Carmo | Trilha sonora: Dimitri Camorlinga | Figurino: Joana Kretzer Brandenburg | Iluminação e design gráfico: Marcos Klann.

Dia 21, sábado, às 19h | Dia 22, domingo, às 19h | Sala de Múltiplo Uso 2 do Sesc Campinas | Duração: 35 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

A BOBA | Wagner Schwartz (Brasil e França)

 Wagner Schwartz parte do quadro A Boba, de Anita Malfatti (1889-1964), para criar sua performance homônima. A pintura elaborada entre 1915 e 1916, ao longo da estadia de Malfatti nos Estados Unidos, é umas das criações mais contundentes do modernismo brasileiro, como também o clímax de sua produção expressionista. Ao se deparar com a tela, Schwartz percebe as cores da bandeira brasileira, como também a cor vermelho – mancha que dá à pintura uma impressão de vida e morte, de risco. “O nacionalismo tem sido um importante argumento na normatização da violência contra os corpos dissidentes, a liberdade de expressão, os direitos humanos no Brasil. O olhar enviesado da figura central da pintura, no entanto, parece desconfiar da utilização dessas cores como também do título que lhe foi atribuído. A Boba está em consonância com a resistência de nossa época”, afirma o artista. Em cena, Schwartz retira o quadro da parede. O peso da tela passa a influenciar no peso do corpo do artista e vice-versa. Ambos se tornam intérpretes de suas próprias escolhas.

Concepção e performance: Wagner Schwartz | Colaboração dramatúrgica: Ana Teixeira e Elisabete Finger | Direção técnica e iluminação: Juliana Vieira | Produção: Gabi Gonçalves/ Corpo Rastreado | Coprodução: Corpo Rastreado/MITsp | Apoio: Casa Líquida | Apoio cultural: Instituto Anita Malfatti.

 Dia 21, sábado, às 20h | Dia 22, domingo, às 19h | Teatro do Sesc Campinas | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 12 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

ÉGUA | Josefa Pereira e Patrícia Bergantin (São Paulo)

 As diferentes conotações de cavalo e égua relacionadas ao gênero dos animais, sendo que o primeiro, o macho, é associado à força e à beleza e a segunda, a fêmea, evoca um imaginário pejorativo, que é confirmado por meio de expressões populares que reduzem o ser fêmea à sua função sexual aplicadas ao homem e a mulher foram que impulsionaram a criação da coreografia. O trabalho também se inspirou, entre outros materiais, nas artistas e obras de P. J. Harvey, Kim Gordon e Patti Smith, além de um recorte de obras literárias e cinematográficas que permitiu uma abordagem de subjetividades outras, estranhas aos parâmetros do dito “civilizado”. As coreógrafas investigam a estética urbana e sintética do rock, que traz uma característica do selvagem enquanto atitude, em fricção com o selvagem cru do comportamento animal, mais orgânico e instintivo. O conceito de “selvagem”; na peça comparece não como um fetiche de algo exótico a ser apreciado ou consumido e sim enquanto uma característica inata e persistente, que ativa um permanente campo de experiências no qual as artistas assumem uma relação com o tempo presente revelando o que dele emerge. Nesse sentido, a investigação permeia o que seria um devir animal, isto é, não representar um cavalo, mas experimentar “estar cavala”.

Concepção, direção e performance: Josefa Pereira e Patrícia Bergantin | Desenho e operação de luz: Aline Santini | Desenho sonoro: Luisa Puterman | Operação de som: André Teles.

Dia 21, sábado, às 20h30 | Dia 22, domingo, às 19h30 | Ginásio do Sesc Campinas | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

NORMAL | Guilherme Botelho / Cia. Alias (Suíça)

Os obstáculos da vida e a capacidade de resiliência humana são temas centrais em Normal, espetáculo da Alias, companhia de dança contemporânea suíça criada pelo coreógrafo brasileiro Guilherme Botelho. A estrutura coreográfica é construída sobre um só movimento: corpos que caem e se levantam. A ação simples vai ganhando complexidade por meio de repetições que formam uma atmosfera hipnotizante. Estes movimentos cíclicos permitem que o público entre em um estado mais contemplativo, que favorece a projeção de suas próprias memórias e sentimentos pessoais. Apesar de não ser diretamente inspirada na obra da poeta polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012), a coreografia se relaciona com a atmosfera metafísica, irônica, cotidiana e, por vezes, engraçada de seus poemas que testemunham a frágil e instável estrutura da vida.

Coreografia: Guilherme Botelho | Iluminação: Jean-Philippe Roy | Trilha sonora original: Fernando Corona/Murcof | Bailarinos: Arnaud Bacharach, Eve Bouchelot, Erica Bravini, Gabriel Simoës, Louis Bourel e Veronica Garcia | Bailarina assistente: Victoria Hoyland | Produção: Cia Alias | Coprodução: Théâtre Forum Meyrin e Théâtre du Crochetan | Apoio: Corodis, Loterie Romande. A Cia Alias recebe um subsídio conjunto da cidade de Genebra, da comuna de Meyrin (cantão de Genebra), e da Pro Helvetia – Fundação Suíça para a promoção da cultura. Nesta produção, a companhia é apoiada pela Fondation Meyrinoise du Casino, Fondation Ernst Göhner e Fondation Sophie e Karl Binding.

Dia 21, sábado, às 20h30 | Dia 22, domingo, às 18h | Teatro Castro Mendes | Duração: 60 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

ECLIPSE: MUNDO | Paz Rojo (Espanha)

A origem etimológica da palavra eclipse é abandono. Concebido e dirigido pela artista espanhola Paz Rojo, o espetáculo é a implementação desse abandono, termo associado à uma condição destituinte. Em cena, um buraco se abre no espaço da caixa preta. Um buraco negro. Existe um aspecto errante da materialidade através da qual a dança não seria forçada a buscar um futuro. A dança não é uma coreografia para ser executada, mas deve ser criada

no presente, no lugar exato onde se está. Como, então, se comprometer com o que ainda não é? Qual é a responsabilidade da arte em relação à constituição do futuro? Os bailarinos criam o que chamam de lacuna performativa entre o que acontece no palco e o dispositivo de recepção do espectador. A ideia é colocar em movimento uma perspectiva cinética ausente como uma experiência de continuidade: uma coreografia interrompida por sua própria preparação e simultaneamente uma dança tomando forma. Uma dança que, mesmo que não signifique nada, faça algo.

Concepção e direção: Paz Rojo | Intérpretes: Oihana Altube, Arantxa Martínez, Jaime Llopis, Paz Rojo e Ricardo Santana | Trilha Sonora: Fran MM Cabeza de Vaca | Iluminação: Carlos Marquerie | Figurino: Jorge Dutor | Assistência e técnica: David Benito | Produção: Mariana Novais – Ventania Cultural.

Dia 21, sábado, às 21h30 | Dia 22, domingo, às 20h30 | Galpão do Sesc Campinas | Duração: 65 minutos | Classificação etária: 12 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

ESPETÁCULO INFANTIL

 

SUPERNADA EP01 | Clarice Lima (Ceará)

A intervenção coreográfica leva as crianças para um passeio entre o fantástico e o ordinário, entre o super e o nada. Figuras lúdicas se deslocam em diferentes lógicas que organizam e

desorganizam o espaço, os performers e o público. É um vaivém de imagens que aparecem e desaparecem, como a da princesa alface que é devorada por um tubarão e a do M&M azul que cai em um pote de farinha. O trabalho nasceu da ideia de empatia cinética, ou seja, aquilo que move o outro quando alguém se move, e de referências como o espetáculo de dança Menu de Heróis, de Weila Carvalho, e a série de desenhos animados Cueio, do Gato Galactico. Para a artista, a coreografia é como se fosse um livro no qual as páginas foram arrancadas e dispostas em uma ordem diferente. Assim, cada espectador fica livre para criar a sua própria narrativa.

Direção, coreografia e criação: Clarice Lima | Assistente de direção: Aline Bonamin | Criação e dança: Aline Bonamin, Chico Lima, Ísis Andreatta, José Artur Campos, Manuela Aranguibel, Marcela Costa, Maurício Alves, Natália Mendonça, Patrícia Árabe e Rafaela Sahyoun | Contrarregra: Leandro Berton | Produção: Clarice Lima & gente fina elegante e sincera | Coprodução: Lote

Dia 14, sábado, às 11h | Dia 15, domingo, às 11h | Praça Carlos Gomes | Duração: 30 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

PERFORMANCES

 

RIR – INTERVENÇÃO SEGUNDO MOVIMENTO | Key Zetta e Cia. (São Paulo)

O desejo da Key Zetta e Cia. de investigar o humor e o riso por meio do corpo originou, em 2017, o espetáculo Riso. Desdobrando trechos e situações da peça, o coletivo expandiu as cenas para o espaço público e criou Rir – Intervenção Segundo Movimento. Agora, nesta intervenção itinerante, eles questionam o que se passa nos corpos e no espaço quando o riso ri no lugar público. Os dançarinos investigam os múltiplos sentidos que emergem com o humor e o contágio que o riso provoca ao se relacionar com diferentes ambientes e pessoas.

Concepção e direção: Key Sawao e Ricardo Iazzetta | Criação e dança: Beatriz Sano, Carolina Minozzi, Key Sawao, Maurício Flórez e Ricardo Iazzetta | Figurinos: Alex Cassimiro | Produção: Corpo Rastreado.

Dia 13, sexta, às 11h | Dia 14, sábado, às 11h | Largo do Rosário | Duração: 45 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

PROCEDIMENTO 2 PARA LUGAR NENHUM | Vera Sala (São Paulo)

A bailarina e pesquisadora Vera Sala dá continuidade ao seu percurso criativo que parte de questões propulsoras como incompletude, precariedade, errância, instabilidade, vazio e esgarçamento do tempo. É numa zona de incertezas, dissoluções e rupturas que acontecem seus processos, que não têm como objetivo a construção de uma obra, mas sim a criação de estados de derivas que se abrem para o inesperado, para atravessamentos e deslocamentos os modos de pensar o corpo e criar dança. Neste solo, Sala realiza microgestos com seu corpo. Numa espécie de suspensão do tempo entre um instante e outro, o corpo, nas palavras da artista, se exaure, se esvazia e dissolve seus contornos e limites. Desse esgarçamento surgem frestas de percepções e poéticas que expõem a precariedade da condição humana.

Concepção e direção geral: Vera Sala | Arquitetura e luz: Hideki Matsuka | Estímulo à autopercepção do movimento: José Antonio Lima | Cenotecnia: Wanderley Wagner da Silva | Assistente de produção: Marcelo Leão | Direção de produção: Dora Leão – PLATÔproduções.

Dia 13, sexta-feira, às 20h | Dia 14, sábado, às 20h | CIS Guanabara – Armazém Sala Preta | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 12 anos | Ingressos: R$ 40,00; R$ 20,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 12,00 (credencial plena).

 

 

TUDO QUE PASSA E FICA | OEFEHÁ (São Paulo)

Descarte e colecionismo guiam a performance que é realizada em dois dias. No primeiro, o artista faz uma pesquisa de campo em um trajeto entre o Sesc Campinas e o Centro de Convivência em busca de materiais, como objetos ordinários e itens que sofrem tentativa de anulação existencial. Essa coleta será captada e transmitida no espaço expositivo onde o trabalho será finalizado. No segundo dia, as peças selecionadas a partir de uma curadoria que leva em consideração a industrialização e a apropriação em quebra e retomada serão dispostas e, depois, transpassadas manualmente em um fio, formando um colar, um “resquício joia objeto”, nas palavras do artista. Este vestígio da ação ficará em exibição junto às projeções das imagens. É a quarta vez que este procedimento é realizado e surgiu da observação, catalogação e segmentação de materiais em seu próprio ateliê. Para Oefehá, o trabalho trata principalmente da exibição da alta produção, acúmulo, da não necessidade e do descarte excessivo.

Performance: Oefehá | Produção: Camilla Torres.

Dia 14, sábado, às 11h | Dia 15, domingo, às 11h | Centro de Convivência | Duração: 180 minutos (sábado) e 120 minutos (domingo) | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

BOAS GAROTAS | Clarissa Sacchelli (São Paulo)

Foi de um conjunto de vídeos que surgiu a performance. Em 2017, a coreógrafa e performer Clarissa Sacchelli foi convidada a criar uma peça de dança a partir do Acervo Histórico Videobrasil. Do mergulho nesse material, a artista selecionou dez trabalhos pela via do magnetismo: não havia recortes conceituais ou temáticos pré-estabelecidos, o contorno foi definido diante do encontro com o acervo, a partir daquilo que seduziu a artista e se seduziu entre si. Esse recorte operou não somente como uma referência conceitual para Boas Garotas, mas também como um material bruto constituído de imagens, sons e textos que foram remixados, reinterpretados e/ou reencenados na peça. A relação com os vídeos indicou aproximações entre a ação de editar e coreografar e apontou para lógicas que podem ser construídas a partir do olhar de quem assiste, sugerindo questões acerca dos modos de produção e recepção de um vídeo e de uma performance.

De: Clarissa Sacchelli Em criação com: Carolina Callegaro, Luisa Puterman e Renan Marcondes | Coreografia e performance: Carolina Callegaro e Clarissa Sacchelli | Pensamento visual: Renan Marcondes | Trilha sonora: Luisa Puterman | Voz (trilha sonora): Hwa Young Lee Lucy e Han Ah Lum | Iluminação: Laura Salerno | Coordenação técnica: Marcus Garcia | Obra comissionada pela Associação Cultural Videobrasil para a 1ª Temporada de Dança Videobrasil.

Dia 14, sábado, às 19h | Dia 15, domingo, às 19h | Sala de Múltiplo Uso 2 do Sesc Campinas | Duração: 70 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

VIDA ENORME | Emmanuelle Huynh/ Plateforme Múa (França)

Dia 15, sábado, às 107h | CIS Guanabara – Gare | Duração: 60 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

TRABALHO NORMAL | Claudia Müller (Rio de Janeiro)

Na série, a performer Cláudia Müller faz cinco ações simples e repetitivas durante cinco dias, cada uma delas com duração de oito horas. Ao todo, são 40 horas de performance – o mesmo tempo de uma jornada de trabalho convencional. Porém, apesar de utilizar este modo tradicional de operação, as atividades realizadas são inúteis. Ou seja, elas não geram nenhum resultado ou produto do ponto de vista prático, ainda que tenham um planejamento preciso em sua execução. Para a artista, pensando em questões referentes à precarização e à autonomia que permeiam a lógica atual de trabalho, a proposta é refletir sobre o cotidiano laboral e o uso do tempo. Müller partiu de projetos de artistas que discutem, em algumas obras, o paradoxo da inutilidade da arte para criar sua obra. São eles: Francis Alÿs, Marta Soares, Los Torreznos, Brígida Baltar e Tehching Hsieh.

Concepção, criação e performance: Cláudia Müller | Colaborações: Clarissa Sacchelli e Renan Marcondes | Programação visual: Theo Dubeux | Produção executiva: Bebel de Barros | Produção: Cais Produção Cultural | Apoio: Adelina Instituto Cultural, Azala Espacio de Creación, Graner – Centro de Creación de Danza y Artes Vivas, Iberescena – Fundo de Ajuda para as Artes Cênicas Ibero-americanas.

De 15 a 19, domingo a quinta-feira, das 10h às 19h | Área de Convivência do Sesc Campinas | Duração: 8 horas por dia | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

DENTRO | Coletivo Qualquer (Brasil e Espanha)

Por meio de um passeio sonoro, a performance se apoia em uma lógica de travelling cinematográfico para dar destaque à arquitetura e às histórias do local e das pessoas que o ocupam. Trabalhando as relações entre lugares, corpos e ficções, os coreógrafos e performers elaboram uma vivência coreografada que reformula os limites dos territórios percorridos. Situado entre a fisicalidade da caminhada e o mundo sonoro criado pelos artistas, o público, munido de fones de ouvido, atravessa atmosferas e intervenções performáticas numa experiência imersiva que estimula a imaginação e a invenção de outros espaços dentro do próprio espaço do percurso.

Criação, coreografia e texto: Coletivo Qualquer (Luciana Chieregati e Ibon Salvador) | Performance: Aline Bonamin, Luciana Chieregati, Ibon Salvador e Tom Monteiro | Criação sonora: Tom Monteiro | Produção: Asociación Artístico Cultural Luciernaga.

Dia 16, segunda-feira, às 11h e 16h | Dia 17, terça-feira, às 11h e 16h | Dia 18, quarta-feira, às 11h e 16h | Estação Cultura | Duração: 60 minutos | Classificação etária: 12 anos | Ingressos: Grátis – Retirada de ingressos limitados no local com duas horas de antecedência.

 

 

ARRASTÃO | Cia. Etra de Dança (São Paulo)

Na intervenção artística, o espaço público se torna um território de atravessamentos e o público é convidado a observar corpos que pulsam, expulsam e expurgam. O trabalho é o primeiro da trilogia Naturam Corporis, série que estuda o movimento e as peculiaridades do corpo coletivo. A principal ideia do diretor Edvan Monteiro, que passou a observar a movimentação de manifestantes em atos políticos e a indumentária de frequentadores de bailes na periferia, é investigar as manifestações que corpos periféricos promovem quando estão aglomerados em grandes centros. A pesquisa resulta, em cena, num corpo que protesta contra o sistema político atual. Os corpos dos bailarinos agem sobre e sob outros corpos dos artistas do grupo por meio do contato físico direto ou de interfaces digitais. Esse ato é a força propulsora de um fluxo constante que arrasta mais e mais corpos pelo espaço com o intuito de fazer com que os indivíduos consigam ocupar seus próprios espaços, físicos e metafóricos.

Direção: Edvan Monteiro | Elenco: Angélica Evangelista, Ariadne Filipe, Bruno Henrique, Caio Rodrigues, David Soares, Diez, Felipe Faustino, Gabriel Rosário, Gisele Prudêncio, Lucas Onofre, Rodney Cardoso e Tamara Tanaka | Produção: Ariadne Filipe.

Dia 17, terça-feira, às 16h | Dia 18, quarta-feira, às 16h | Largo do Rosário | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: Grátis.

 

 

SUMO | Júlia Rocha (São Paulo)

“Quando a gente olha, o que a gente vê?”, questiona Júlia Rocha, criadora da performance, que experimenta as relações entre imagem, palavra e movimento. O trabalho acontece numa sala onde o público pode circular livremente. Nela, corpos estão cobertos. Suavemente, a cada movimentação que ocorre por baixo do tecido, ao seu redor ou pela transformação da luz, novas formas e sentidos emergem. Aos poucos se revelam as figuras. Simultaneamente ao desenrolar da dança, um texto é falado. Criado por Rocha a partir de uma colagem de escritos de artistas que têm alguma relação com o zen, como John Cage (1912-1992), Laurie Anderson (1947), Leonard Cohen (1934-2016) e Yoko Ono (1933), ela também propõe um passeio por diversas imagens. A ideia é evidenciar a singularidade da imaginação das pessoas e permitir que elas experimentem se perder sem sair do lugar.

Concepção e voz: Júlia Rocha | Colaboração e dança: Isabel Ramos Monteiro, Joana Ferraz e Teresa Moura Neves | Música: Gustavo Galo | Luz: Laura Salerno | Produção: Isabel Ramos Monteiro e Caio César.

Dia 17, terça-feira, às 19h | Dia 18, quarta-feira, às 19h | Sala de Múltiplo Uso 2 do Sesc Campinas | Duração: 40 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

ESCUTA! | Companhia Híbrida (Rio de Janeiro)

Com um histórico de atuação em espaços não convencionais, a Cia. Híbrida tem a rua como palco para discutir afetos na obra, que é parte do projeto Estratégias para Desembrutecer o Olhar, no qual, desde 2016, o coletivo cria uma espécie de protocolo para que pessoas em lugares de grande circulação possam ter seus tempos suspensos ao participar de algo inusitado. A ação acontece em duas etapas. Na primeira, misturados aos transeuntes, os bailarinos propõem alterações no fluxo cotidiano de deslocamento de modo a causar certa estranheza. Depois, eles usam fones de ouvido desplugados de qualquer aparelho e oferecem a extremidade solta do fio aos passantes como possibilidade de estabelecerem um encontro.

Direção geral, concepção e coreografia: Renato Cruz | Assistente de direção e preparação corporal: Aline Teixeira | Direção de produção: Steffi Vigio | Intérpretes criadores: Daniel Oliveira, Duly Omega, Fábio Max, Jefte Francisco, Luciana Monnerat, Luidy Trindade e Mailson de Morais.

Dia 18, quarta-feira, às 14h | Dia 19, quinta-feira, às 14h | Terminal Rodoviário | Duração: 30 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

MONUMENTOS EM AÇÃO | Lucía Nacht (Argentina)

A relação e as diferenças entre história e memória são trabalhadas na performance idealizada e dirigida pela argentina Lucía Nacht. Nela, acompanhados por um audioguia, os espectadores realizam junto aos performers um percurso pelo espaço público no qual descobrem o local e as pessoas que o habitam para criarem juntos um ato de memória coletiva. A ideia é descolonizar as narrativas contadas do ponto de vista do poder e dos governantes para reconstruir a história a partir das lembranças que a comunidade quer preservar. De maneira site specific, a performance trabalha com a ideia de anti-monumento. Os corpos dos bailarinos criam monumentos que, ao contrário dos feitos de concreto, são efêmeros e sensíveis, permitindo que o público se relacione de forma mais íntima com a obra e elabore seu próprio ponto de vista sobre o evento histórico resgatado.

Concepção e direção: Lucía Nacht | Produção: Carolina Goulart | Assistente de direção: Ana Borré | Intérpretes: Agustina Mass, Marina Serruya e intérpretes locais.

Dia 19, quinta-feira, às 11h | Dia 20, sexta-feira, às 11h | Praça Rui Barbosa | Duração: 60 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

BOLA DE FOGO | Fábio Osório Monteiro (Bahia)

Na performance, o artista Fábio Osório Monteiro prepara a massa do acarajé, frita o bolinho e o vende como fazem todas as baianas do acarajé. Mas ele também performa a si próprio. “Me recrio como mecanismo para continuar existindo e resistindo”, diz. A elaboração do solo surgiu de um problema prático: sua dificuldade de se sustentar como artista. Em 2017, ele fez seu registro como baiana do acarajé e passou a vender o quitute na praça do Cacau, em Salvador. A partir dessa situação, agregou-se ao trabalho outros interesses, como ancestralidade, afetividade e questões negras. Da estreia para cá, a intérprete de Libras Cíntia Santos se uniu ao trabalho performando junto com Osório e fortalecendo o caráter sociopolítico da obra. Dessa forma, humor, política, espiritualidade e memória se cruzam no tabuleiro.

Criação, direção, texto e performance: Fábio Osório Monteiro | Codireção: Leonardo França | Colaboração: Jorge Alencar e Neto Machado | Intérprete de Libras: Cintia Santos | Produtor assistente: Gabriel Pedreira.

Dia 19, quinta-feira, às 17h | Dia 20, sexta-feira, às 17h | Estação Cultura | Duração: 45 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

CANCIONEIRO TERMINAL | Grupo MEXA (São Paulo)

O Grupo MEXA sempre muda. Nunca se sabe, ao certo, quantas pessoas integram o grupo, que não se identifica como um coletivo de artistas, mas com a ideia de um encontro com a diversidade de pessoas que vivenciam a questão da vulnerabilidade. Essas ausências e presenças refletem não apenas na organização, mas também são temas dos trabalhos da companhia. É o que acontece com Cancioneiro Terminal, obra criada em 2017 que ganha novos contornos para a apresentação na Bienal Sesc de Dança. Dialogando com memória e identidade, a performance propõe uma coreografia entre a transmissão de imagens gravadas do grupo e ações executadas em tempo real pelos artistas, que interferem na projeção com música, dança e narração de novas histórias. Entre os registros vistos no telão estão, por exemplo, o vídeo da performance Terminal 10mg, na qual eles subiram em um ônibus de linha de São Paulo e criaram uma espécie de mapa da cidade a partir de suas biografias e vivências.

Com: Alessandro Lins dos Anjos, Anita Silvia, Anne Dourado, Barbara Brito, Daniela Pinheiro, Dudu Quintanilha, Eterno Work in Progress, Fabíola Dummond, Giulianna Nonato, João Turchi, Kristen Oliveira, Luisa Cavanagh, Lu Mugayar, Maya Schneyder, Patrícia Borges, Suzy Muniz, Tatiane de Campobello, Vitória dos Santos de Assis e Yasmin Bispo.

Dia 19, quinta-feira, às 19h30 | Dia 20, sexta-feira, às 19h30 | Museu da Cidade | Duração: 60 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: Grátis – Retirada de ingressos limitados no local em cada dia a partir das 17h30.

 

 

VIOLENTO. | Preto Amparo, Alexandre de Sena, Grazi Medrado e Pablo Bernardo (Minas Gerais)

No título do solo, após a palavra violento; há um ponto final. Pode parecer um detalhe, mas mostra onde inicia a discussão colocada em cena pelo ator mineiro Preto Amparo. “O corpo masculino negro sempre foi visto e retratado como ‘violento e ponto final’. Essa leitura colonizada ainda hoje ratifica várias violências e agressões como hiperssexualização, encarceramento em massa e violência policial”, expõe o performer, que partiu principalmente de sua vivência para criar este trabalho em 2016. Além de conter a experiência de Amparo, o espetáculo dirigido por Alexandre de Sena tem como referência propostas negras visuais de Alma no Olho, curta-metragem do cineasta Zózimo Bulbul, e partituras corporais do hip-hop e do house. A musicalidade de Naná Vasconcelos e Adão Dãxalebaradã e os escritos do psiquiatra e filósofo francês Frantz Fanon também serviram de inspiração. A ideia é desnudar, de forma poética, o racismo estrutural existente no cotidiano brasileiro e criar um diálogo com a ancestralidade e com a vida do jovem negro urbano. O corpo do performer constrói narrativas buscando descolonizar os caminhos impostos e construir uma nova leitura social e cênica.

Atuação: Preto Amparo | Direção: Alexandre de Sena | Dramaturgia: Alexandre de Sena e Preto Amparo | Produção: Grazi Medrado | Registro em foto e vídeo: Pablo Bernardo | Assessoria dramatúrgica: Aline Vila Real | Preparação corporal: Wallison Culu/Cia. Fusion de Danças Urbanas | Assessoria para trilha sonora: Barulhista.

Dia 19, quinta-feira, às 20h | Dia 20, sexta-feira, às 20h | Teatro do Sesc Campinas | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

QUEM SEGUE AS SETAS | Núcleo Tríade (São Paulo)

Jogo-coreográfico que discute liberdade, possibilidade de fazer escolhas e seguir os próprios caminhos, pessoas de todas as idades ocupam diversos espaços do Sesc Campinas num circuito de ambulatório permeado de experiências coreográficas, sensoriais e reflexivas. Nos jogos-coreográficos-instalativos que o grupo desenvolve, da qual Quem Segue as Setas faz parte, crianças e adultos são incentivadas a jogarem juntos. Surgem, assim, mais perguntas do que respostas, além de muitas zonas de descobertas: Quem coreografa as setas, as regras, as rotinas? Quem segue as setas, as regras, as rotinas? Será que as setas organizam ou as setas restringem novas formas de vida? O que há entre as setas? E se desviássemos os caminhos?

Concepção e Direção: Adriana Macul e Mariana Vaz | Criação: Adriana Macul, Julia Francisca, Mirella Marino e Mariana Vaz | Produção: Carolina Goulart.

Dia 21, sábado, das 9h30 às 18h | Dia 22, domingo, das 9h30 às 18h | Área de Convivência do Sesc Campinas | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

ACORDO | Alice Ripoll / Cia. REC (Rio de Janeiro)

Hierarquias econômicas, sociais e culturais, além de violência policial e racismo são abordados na performance da Cia REC, criada em 2017 para a ocupação Que Legado, realizada no Castelinho do Flamengo, no Rio de Janeiro. A ideia era que os trabalhos apresentados dialogassem com a indagação do que teria ficado como legado para a cidade após a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Sem responder literalmente à pergunta, a diretora e coreógrafa carioca Alice Ripoll propôs pensar a cidade na posição dos intérpretes com quem trabalha há oito anos: negros e moradores da favela. Na obra, quatro performers nascidos em favelas do Brasil transformam as relações existentes entre os participantes. Uniformizados, eles criam imagens e sensações cara a cara com o público. Para a diretora, a obra questiona o conceito de propriedade no capitalismo e a crueldade que acompanha esse sistema, no qual o lucro e a acumulação de capital pressupõem a exploração e a pobreza.

Direção: Alice Ripoll | Criação e performance: Alan Ferreira, Leandro Coala, Rômulo Galvão e Tony Ewerton | Assistência: Anita Tandeta | Produção: Natasha Corbelino.

Dia 21, sábado, às 14h | Dia 22, domingo, às 14h | Estação Cultura | Duração: 30 minutos | Classificação etária: 14 anos | Ingressos: Grátis – Retirada de ingressos limitados no local em cada dia a partir das 12h.

 

 

INSTALAÇÕES

 

ALIGNIGUNG Nº 2 E DEBUT, SÃO PAULO | William Forsythe (Estados Unidos e Alemanha)

Após a exposição William Forsythe: Objetos Coreográficos, realizada no Sesc Pompeia, em São Paulo, na qual onze obras ocuparam diferentes espaços da unidade, duas obras do artista desembarcam em Campinas. São elas Debut, São Paulo (2019), instalação recriada para a exposição na forma de um tapete de entrada com uma instrução, e Alignigung Nº 2 (2017), vídeo instalação inédita no Brasil que apresenta uma coreografia na qual os dançarinos Riley Watts e Rauf “RubberLegz” Yasit combinam seus corpos em uma constelação atada. Reconhecido mundialmente como um dos mais inventivos coreógrafos dos nossos tempos, o norte-americano William Forsythe vem desenvolvendo desde os anos 1990 uma série de trabalhos instalativos que extrapolam os palcos: os Objetos Coreográficos. Fundindo conceitos de coreografia e artes visuais, as instalações motivam os visitantes a se movimentarem e tomarem consciência de seu próprio corpo.

 

Debut, São Paulo: William Forsythe. 1949, Nova York (EUA) – Frankfurt am Main (ALE). Cortesia do artista, 2019.

Alignigung Nº 2: William Forsythe. 1949, Nova York (EUA) – Frankfurt am Main (ALE). Cortesia do artista, 2017. Conceito coreográfico: William Forsythe e Rauf “Rubberlegz” Yasit | Realização coreográfica: Riley Watts e Rauf “RubberLegz” Yasit | Música: Op.1 (para 9 cordas), composta por Ryoji Ikeda©.

Direção estúdio William Forsythe: Julian Gabriel Richter | Direção geral Forsythe Produções: Alexandra Scott | Articulação internacional: Paula Macedo Weiss | Produção no Brasil: prod.art.br | Realização técnica: Julio Cesarini | Coordenação audiovisual: Rodrigo Gava | Direção de produção: Ricardo Muniz Fernandes e Ricardo Frayha.

De 12 a 22, de terça a sexta-feira, das 9h às 20h e sábado e domingo, das 9h30 às 18h | Galpão do Sesc Campinas | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis.

 

 

AUTOPOIESE | Ricardo Alvarenga (Minas Gerais)

O conceito de autopoiese é de autoria dos biólogos Humberto Maturana e Francisco Varela. Ele trata de uma ação fundamental e comum a todo ser vivo: a constante autoprodução de si para a manutenção da própria vida. O artista Ricardo Alvarenga transborda esse conceito para a arte e cria uma instalação homônima composta de uma série de dez fotografias e uma performance em looping. As imagens e a ação partem de um processo ritualístico: há dez anos Alvarenga recolhe fios que saem de seu cabelo durante o banho e os acumula em tufos. Sentado num banco de costas para o público, ele tem sobre a cabeça uma espécie de bolsa, ou casulo, feito com os próprios cabelos, contendo dezenas de tufos. O artista tira um por um e os solta no chão a sua volta. Em seguida, desfaz a “bolsa-cabelo” e trança uma máscara, a mesma vista nas fotografias, que cobre toda a face. Recolhe, então, os tufos do chão e recomeça toda a ação, refazendo o casulo.

Concepção e performance: Ricardo Alvarenga | Fotografias: Peruzzo | Produção: Vanessa Garcia.

Dia 13, sexta-feira, às 20h | Dia 14, sábado, às 20h | Casa de Vidro | Duração: 180 minutos | Classificação etária: 16 anos | Ingressos: Grátis – Retirada de ingressos limitados no local em cada dia a partir das 18h.

 

 

O BANHO | Marta Soares (São Paulo)

Como dançar o ponto de suspensão no qual nos encontramos entre vida e morte? Esta é uma das principais questões que a coreógrafa e bailarina Marta Soares aborda em O Banho, obra premiada pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) em 2004 que ela revisita após 15 anos de criação. Composta de elementos de dança, performance e vídeo, a instalação coreográfica propõe uma reflexão sobre a subjetividade de Dona Sebastiana de Mello Freire, a Dona Yayá. Mulher da elite paulistana, ao ser diagnosticada como doente mental, teve a sua casa parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens médicas entre 1919 e 1961, ano de sua morte. Durante a apresentação, o corpo de Soares permanece imerso em uma banheira que, para a performer, seria a síntese da casa de Dona Yayá, ou seja, uma “banheira-casa-útero”. Já as imagens em vídeo projetadas durante a ação remetem à dissolução do corpo e à passagem do tempo. Na ação, a artista explora via movimento os estados animado e inanimado do corpo tendo como referência as fotografias das histéricas realizadas no hospital Salpêtrière, em Paris, durante os experimentos médicos dirigidos pelo psiquiatra Jean Michel Charcot (1825-1893).

Concepção, direção e performance: Marta Soares | Desenho de som: Lívio Tragtenberg | Desenho de luz: Wagner Pinto | Câmeras: Hélio Ishii, Marta Soares e Nelson Enohata | Edição e finalização do vídeo: Leandro Lima | Coordenação técnica: Cristiano Pedott | Produção: Beto de Faria, Cais Produção Cultural e José Renato de Fonseca Almeida.

Dia 14, sábado, às 18h30| Dia 15, domingo, às 18h30 | CIS Guanabara – Armazém Sala Branca | Duração: 50 minutos | Classificação etária: 18 anos | Ingressos: R$ 30,00; R$ 15,00 (estudante com carteirinha e aposentado) e R$ 9,00 (credencial plena).

 

 

O PEIXE | Érica Tessarolo (São Paulo)

A principal investigação da instalação coreográfica se dá no campo da fisicalidade: a percepção, para além do conhecimento, de que o corpo é matéria, experiência e memória. A coreografia é próxima ao chão, lenta e fluida, instaurando um estado meditativo, ou contemplativo, para os que veem. O trabalho é fruto de Seguinte, pesquisa pautada por questões autobiográficas da artista paulistana em relação ao nascimento prematuro de seu filho. Para criar a obra, a performer partiu de referências teóricas como os estudos do filósofo José Gil e do pesquisador do movimento Hubert Godard, além dos ensinamentos do coreógrafo Kazuo Ohno (1906-2010). Mas, ao contrário de outros processos, a bailarina encontrou estímulos de outra natureza, até então inusitados para ela, como o movimento dos rios e do corpo de um bebê dormindo.

Concepção e performance: Érica Tessarolo | Paisagem sonora: Daniel Dias | Gravação e masterização de áudio: Nelson Pinton | Iluminação: Lui Seixas e Renan Marcondes | Figurino e design gráfico: Renan Marcondes | Provocação da pesquisa: Carolina Callegaro | Produção: Daniel Dias.

Dia 17, terça-feira, às 17h | Dia 18, quarta-feira, às 17h | Casa de Vidro | Duração: 120 minutos | Classificação etária: Livre | Ingressos: Grátis – Retirada de ingressos limitados no local em cada dia a partir das 15h.

 

 

 

Fotos: Paulo Fleury / Circuito Fechado