Em noite que movimentou o bairro Cambuí, na cidade de Campinas, a Campinas Decor 2019 abriu suas portas em um casarão centenário com uma grande festa recebendo mais de 600 convidados para apresentar em primeira mão as principais tendências em arquitetura, construção e decoração e que, pela oitava vez, deixará como legado para o município a recuperação de um prédio do patrimônio público.
A imponência do imóvel, conhecido por ter abrigado o antigo Colégio Ateneu, com espaços amplos e pé direito alto, estimulou a criatividade dos expositores. São salas diversas, lofts, suítes, banheiros e terraços, além de jardins e espaços comerciais e de uso dos visitantes, como restaurante, bar, café e loja, que somam 3.600 metros quadrados de passeio.
Sueli Cardoso e a família Tozo receberam todos nos 43 ambientes internos e externos preparados por um time formado por profissionais de Campinas e regiãoe e o Programa Circuito Fechado foi conferir!
Um casarão construído no final do século 19, em pleno bairro Cambuí, “coração” da cidade, abriga de 26 de abril a 16 de junho a 24ª edição da Campinas Decor, principal mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do interior paulista. Além da total recuperação do imóvel centenário pertencente ao patrimônio público – legado que será deixado ao município – os visitantes poderão conferir as tendências e o que há de mais moderno em artigos para decoração e construção, revestimentos, mobiliário, luminotécnica, automação residencial e tudo o que envolve esse universo.
Foram investidos cerca de R$ 7 milhões para a montagem da edição, divididos entre organização, patrocinadores, expositores e fornecedores – desse total, cerca de R$ 2 milhões foram consumidos apenas nas obras de recuperação. A expectativa é receber um público similar ao dos últimos anos, entre 30 mil e 32 mil visitantes.
São 43 ambientes internos e externos preparados por um time formado por profissionais de renome da cidade e região. A imponência do imóvel, conhecido por ter abrigado o antigo Colégio Ateneu, com espaços amplos e pé direito alto, estimulou a criatividade dos expositores. São salas diversas, lofts, suítes, banheiros e terraços, além de jardins e espaços comerciais e de uso dos visitantes, como restaurante, bar, café e loja, que somam 3.600 metros quadrados de passeio.
Entre as diversas tendências apresentadas, além de muita tecnologia e da crescente preocupação com a sustentabilidade, nota-se o uso de mobiliário e peças de decoração assinados especialmente por designers brasileiros, móveis para área externa produzidos com cordas náuticas e muitas soluções autorais dos expositores. As cores utilizadas são as mais variadas, com destaque para tons terrosos, beges e of-white e também muito preto, além de coral, tom Pantone 2019.
Durante as obras de recuperação do imóvel e de preparação da mostra – iniciadas em outubro do ano passado -, organização e expositores reconstruíram as redes hidráulica e elétrica, recuperaram telhado e paredes, refizeram e restauraram pisos e revestimentos.
Os trabalhos envolveram um verdadeiro exército de profissionais – arquitetos, paisagistas, engenheiros, artistas plásticos, pedreiros, pintores, jardineiros, carpinteiros e entregadores, entre outros. Nos horários de pico, o local chegou a reunir cerca de 500 pessoas ao mesmo tempo. Foram gerados cerca de 1.500 empregos diretos durantes as obras, além de outros 150 após a abertura da mostra para o público.
Após a realização da mostra, graças à doação das benfeitorias, o casarão pertencente à prefeitura e tombado pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) será utilizado para abrigar a Secretaria de Educação do município. Serão instalados no imóvel o gabinete da secretária, assessoria jurídica, diretorias e coordenadorias.
“Estamos orgulhosos em poder beneficiar a população e o município com a recuperação de mais um prédio e confiantes de que esta edição da Campinas Decor será uma das mais importantes da história da mostra, tanto pela localização nobre e inédita, em pleno Cambuí, como pelas características do imóvel”, afirma a empresária Sueli Cardoso, organizadora do evento.
Ela acrescenta o ótimo resultado obtido. “As características do casarão, como o pé direito alto e a amplitude dos ambientes, deram ainda mais liberdade de criação para os expositores, resultando em ambientes muito diferenciados, que prometem agradar os visitantes”, conta Sueli.
A instalação da exposição no local reforça a política da Campinas Decor de recuperação de bens do patrimônio público iniciada em 2003, quando o evento promoveu a reforma no Casarão do Lago do Café. De lá para cá, foram recuperados: Estação Guanabara, em 2008; prédios do Instituto Agronômico de Campinas, nas edições de 2009 e 2010; Estação Cultura, em 2011; Casa de Vidro, em 2016, e Fazenda Argentina (2018).
No total, foram investidos cerca de R$ 18,5 milhões em benfeitorias nesses prédios, cotizados entre a organização, expositores, patrocinadores e fornecedores. As obras realizadas propiciaram a realização de inúmeras atividades nesses locais, sempre em benefício da população.
A realização da Campinas Decor no imóvel está sendo possível graças a um convênio de permissão de uso firmado entre a organização do evento e a administração municipal. O termo tem como objetivo a cooperação entre o poder público e a iniciativa privada para a conservação do imóvel. Esta é a quarta parceria entre a empresa e a prefeitura, uma vez que Lago do Café (duas ocasiões) e a Estação Cultura também pertencem ao Poder Municipal.
História da Família
Assim como nas edições anteriores, a organização traçou uma “história da família” para nortear o trabalho dos expositores. Neste ano, os visitantes poderão conhecer os espaços preparados para um casal na faixa dos 40/45 anos, com uma filha de 6 anos e um bebê (menino).
Ricardo, 42 anos, é pesquisador e seu hobby é estudar sobre vinhos. Adora saborear os rótulos de Bordeaux e entender a origem das uvas com seus variados métodos franceses, nos arredores de Paris. Além de ser um legítimo paizão que cuida dos filhos com muito amor, nos momentos de lazer e descanso, gosta de cozinhar para a família e amigos, sempre ao som de Édith Piaf.
Gabriela é jornalista e editora chefe de um famoso portal de moda internacional. Bem sucedida e com agenda sempre preenchida de compromissos entre a ponte aérea do Brasil e Miami, ainda realiza trabalhos voluntários e apoia diversos grupos de mulheres empreendedoras do segmento de educação. Gosta de viajar para Ilhabela e passar agradáveis finais de semana na casa de praia da família, junto com amigos e filhos. Ao final do dia, se divertem jogando beach tênis nas areias.
Maynah é a filha mais velha do casal. Com apenas 6 anos, seus olhinhos brilham ao assistir filmes da Disney no Youtube. Além de super curiosa e criativa, também adora desenhar e é mega fã de parques de diversão. Seu sonho é ser uma desenhista famosa de personagens infantis.
O pequeno Henrique é o filho caçula e apesar de ter só 1 aninho, já esboça sorrisos de amor e fica super atento quando vê o pai tocando violão nos almoços de domingo em família. Gabriela acha que ele será músico, já Ricardo torce para o filho ser cientista.
Novos talentos
Mantendo a tradição de valorizar profissionais que estão há pouco tempo no mercado, mas têm grande potencial criador, a organização da Campinas Decor reservou três espaços da mostra para o projeto Novos Talentos, que contempla expositores com até três anos de formados.
Neste ano, os profissionais escolhidos foram os designers de interiores Thaisa Frank, Helena Bortolini e Lucas Vilar e a designer de interiores e engenheira civil Renata Cirigliano, que assinam o ambiente Loja do Bem, os arquitetos e urbanistas Eduardo Simionatto e Felipe Higino, autores do projeto Varanda da Contemplação, e a designer de interiores Dani D’Ambrosio, que projetou o Hall dos Banheiros.
Parceria com o Grupo Primavera
O cunho beneficente da 24ª edição da Campinas Decor vai além da doação das benfeitorias realizadas no prédio pertencente à prefeitura. A mostra reservou o espaço “Loja do Bem” para a comercialização de produtos confeccionados na Oficina do Grupo Primavera. Fora isso, a organização ainda irá destinar 3% da arrecadação da bilheteria do evento para a entidade.
Na Loja do Bem, ambiente assinado pelos designers de interiores Thaisa Frank, Helena Bortolini e Lucas Vilar e pela designer de interiores e engenheira civil Renata Cirigliano, os visitantes irão encontrar bonecas de diferentes tamanhos, marcadores de livro, chaveiros e pequenos objetos de decoração, que estarão à venda para auxiliar na manutenção das atividades da organização social.
O Grupo Primavera atende hoje cerca de 500 crianças, adolescentes e jovens de 6 a 18 anos do entorno do Jardim São Marcos, Campinas, por meio de programas de educação complementar, cultural e profissional oferecidos no contraturno escolar.
Todos os produtos a serem comercializados são feitos à mão na sede da entidade ou fora dela, com mão de obra feminina capacitada pelo Primavera em seu programa de atendimento a mulheres de baixa renda. As mulheres capacitadas no programa fornecem serviços de costura e bordado ao Grupo Primavera, que as remunera pela quantidade produzida.
Homenagem a Stella Pastana Tozo
Além dos 43 ambientes, a Campinas Decor 2019 traz um espaço especialmente criado para homenagear Stella Maria Leite Pastana Tozo, empresária que esteve à frente da mostra nos últimos 17 anos, ao lado de Sueli Cardoso. Ela faleceu em novembro de 2018, mas deixou sua marca, força e carisma para toda a equipe envolvida no projeto.
Trabalhando na Campinas Decor desde sua primeira edição, em 1996, e como organizadora do evento junto com Sueli de 2001 a 2018, ela deixou um importante legado para o mercado de arquitetura e decoração regional e trabalhou ativamente para que a mostra promovesse a recuperação e doação de benfeitorias em patrimônios públicos – característica que ganha cada vez mais força na trajetória da Campinas Decor. Juntas, Stella e Sueli também transformaram a Campinas Decor na principal mostra do interior paulista, com visibilidade nacional.
Batizado de “Espaço Lembrança”, o ambiente de 48 m2 foi assinado pela arquiteta Letícia Ribeiro, em sua nona participação no evento. Letícia foi convidada pela organização para o desafio de projetar um espaço no qual fossem resgatados momentos históricos das mostras anteriores, nas quais a atuação de Stella foi decisiva, e também a vida pessoal e familiar da empresária.
“Será nossa primeira edição sem a Stella, embora ela tenha participado ativamente já desse projeto e de seu lançamento, e acreditamos que um ambiente que relembre sua história e a trajetória da mostra em si, que se misturam, é uma boa forma de homenageá-la e de resgatar todos os momentos bons que vivemos”, afirma Sueli Cardoso.
“Temos uma galeria com imagens e informações para que todos possam relembrar toda a dedicação da Stella em relação ao evento, que era sua paixão. Como plano de fundo dessa vida profissional, também teremos a área da família e outros interesses que despertavam nela a mesma dedicação que ela nutria pela Campinas Decor. A intenção é poder passar para o visitante e também para as pessoas do convívio da Campinas Decor a grande mulher que era a Stella, empreendedora, sonhadora”, conta Letícia.
Casarão histórico
O casarão que abriga a Campinas Decor 2019, em pleno coração da cidade, fazia parte de uma chácara, na área rural da cidade lá pelos idos de 1800. A rua Barreto Leme teve moradores membros de uma família que iniciou uma nova geração de beneméritos. E tudo começou com o casal formado pelo Comendador Capitão Joaquim Soares de Carvalho e Dona Maria Felicíssima de Abreu Soares, que exercia grande influência na sociedade. Viúva desde 1860 e proprietária das terras na região, Maria Felicíssima doou, em 1869, um terreno para a construção da Santa Casa de Misericórdia, em atividade até os dias atuais e localizada bem próxima da Campinas Decor® 2019.
Um de seus filhos, Joaquim Cellestino de Abreu Soares, herdou as terras da chácara da Barreto Leme. Primeiro comerciante e depois um fazendeiro importante, Joaquim Cellestino recebeu o título de Barão de Paranapanema. Ele teve três casamentos. Sua sexta filha do primeiro casamento, Presciliana de Oliveira Soares recebeu a chácara como herança de seu pai. E, como era costume na época – para que os bens permanecessem em família –, Presciliana casou-se com o tio, Antonio Galdino de Abreu Soares, irmão de seu pai. Assim, passou a assinar Presciliana de Abreu Soares. Seu nome batiza uma rua em Campinas, no bairro Cambuí.
Desde os tempos do Comendador, a chácara, era chamada de “bela” e isso era mencionado nos documentos da partilha, após sua morte.
A casa – descrita nas plantas como “casa de residência” – foi construída no fim do século 19 em alvenaria de tijolos, acompanhando as técnicas construtivas da época. O pavimento elevado era embasado por um porão, que prevenia infiltrações nos cômodos. A arquitetura do imóvel refletiu a transição entre o ambiente rural para o urbano: sem a ostentação dos espaços grandiosos das casas de fazenda ou a ornamentação luxuosa dos palacetes e solares dessa mesma época. Provavelmente ao mesmo tempo, a chamada “casa antiga”, que ficava ao lado (e depois foi demolida) foi ampliada com uma ala em tijolos.
Dona Presciliana promoveu várias reformas e modificações na propriedade. A casa era ladeada por canteiros e jardins e tinha acesso por meio de três escadas, duas das quais existem até hoje. O restante da propriedade era totalmente ocupado por plantações e havia um moinho de vento em aço, utilizado nas irrigações.
Nos bens de testamento de Dona Presciliana, constava que a chácara tinha 24 mil metros quadrados. Um de seus filhos, Servílio de Abreu Soares (ela teve nove filhos) herdou a chácara após sua morte, em 1929, em promoveu o loteamento ao longo do tempo. O terreno da “casa de residência” e o entorno foram preservados com a configuração atual.
Após a morte de Servílio, em 1955, seus herdeiros venderam o casarão e o terreno do entrono para o Professor Carlos Lencastre, que deu novo destino ao local: a educação. Ali, a partir de 1958, o professor instalou as instituições Ginásio Lencastre, Escola Técnica Pedro II e a Escola Normal Livre Lencastre, que permaneceram por dez anos. A casa foi sendo adaptada para o novo uso. Depois, em 1977, a casa foi alugada para outro professor, Paulino da Costa Eduardo, que manteve o uso educacional no local. O pedagogo, acadêmico da Academia Campinense de Letras e Artes iniciou as atividades do Colégio Ateneu Campinense, com escola particular de 1º e 2º graus.
Várias melhorias no imóvel foram promovidas na época e a direção do Ateneu alocava as salas de aula, os laboratórios e os espaços estudantis nas construções anexas, deixando o casarão para uso administrativo, mantendo seu bom estado de conservação. O Colégio Ateneu permaneceu no local até o fim da década de 1990.
Em 2009, a família de Lencastre vendeu o imóvel para o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP), que pretendia instalar ali sua sede. Um ano antes, o imóvel foi tombado pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas), após um estudo iniciado em 1997, cujos argumentos apontavam para o vínculo do local com a história de Campinas e com o desenvolvimento cultural e educacional da sociedade. E, também, a constatação de que o casarão se apresentava íntegro na sua estrutura e conservava quase todos os elementos arquitetônicos originais. Em 2013, a Prefeitura de Campinas adquiriu o patrimônio cultural da cidade, que agora abre suas portas para receber a principal mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do interior do Estado.
Sobre a Campinas Decor
Criada em 1996, a Campinas Decor consolidou-se como a principal mostra de arquitetura, decoração e paisagismo do interior de São Paulo. Ao longo dos anos, tornou-se uma grande vitrine do trabalho realizado pelos expositores, além de uma oportunidade única para fornecedores e patrocinadores divulgarem sua marca e seus últimos lançamentos.
Os excelentes resultados obtidos ao longo dos anos trouxeram a parceria e a obtenção de patrocínio e apoio junto a grandes empresas. Em 2019, o evento obteve excelente receptividade junto às marcas, ampliando consideravelmente o número de patrocinadores e apoiadores, além de contar também com o apoio da Prefeitura Municipal de Campinas e da Secretaria de Educação do município.
Serviço
Campinas Decor 2019
Quando: de 26 de abril a 16 de junho
Onde: Rua Barreto Leme, 1.515, Cambuí
Horários: de terça a sexta-feira, das 14h às 22h (bilheteria fecha às 20h30); sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 22h (bilheteria fecha às 20h30)
Valor dos ingressos: R$ 40,00; estudantes e idosos pagam R$ 20,00 e crianças de até 12 anos não pagam; passaporte Campinas Decor, com visitas ilimitadas: R$ 90,00
Serviços disponíveis: restaurante, café, bar e estacionamento com manobrista
Telefone para informações: (19) 3255-7744
Fotos: Paulo Fleury / Circuito Fechado
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